quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Iniciação ao espanto

A música sempre foi aquele assunto revestido da maior seriedade. ou sensibilidade. É como os cereais de pequeno-almoço: uns comem, outros não, uns gostam do leite quente, outros dos cereais crocantes e com sabor ao que quer que seja. Daí a imensa dificuldade em manter um espaço essencialmente dedicado ao discurso musical de um grupo de marmanjos que até se juntam de vez em quando para afinar as guitarras e tentar extrair algo de significante da força dos dedos e da vontade.
E a questão não diminui ao restringir os parceiros no crime: assume-se a vontade, constrói-se um espaço. E para que serve, afinal, toda essa pompa? Umas conversetas, uma ilusão de conjunto? Mas a coisa avança; os marmanjos finalmente chateiam-se entre eles, encontra-se finalmente tópico de discussão. Para progredir. Define-se a base, começa-se a desvendar uma qualquer finalidade no que parece aleatório. Começamos a afinar as cordas antes da discussão. E quem virá no seguimento desta embriaguez? Chegou já a nossa vez de ficarmos sóbrios? E a definição, afinal, fica para uma data a marcar, já que agora o importante é soar bem, sangrar um bocado, enferrujar as cordas com as lágrimas que vão saindo das baladas cantadas pelas gerações que inspiram esta insistência em respirar o sonho. A percepção da maioridade vai-se adensando a cada acorde, cada discurso se reveste de significado.

Transfiguremo-nos então no fado. E não esqueçamos Dionísio.

Saudações do além.

per Dentistae, Magnificus Brocatus, at Embriagatus Noctem Sisus Toldatum

2 comentários:

Sérgio Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Lima disse...

Caramba Dentista... Lá te voltaste a meter no licor celta "outra vez"....

......
Agora na seriedade da coisa, tens toda a razão... Já o Darwin o tinha aplicado e explicado... Como resultou, hoje aplica-se a qualquer assunto...
Só os que "sobrevivem" ficam para contar como foi...

um forte abraço, amigo, companheiro, camarada...